
Certa vez, um crítico expressou a seguinte opinião: «Gandhi, o senhor é uma pessoa excepcional, mas não deve esperar que o mundo aja como o senhor.»
Gandhi respondeu: «É curioso como nos enganamos a nós mesmos, imaginando que podemos melhorar o corpo, mas que nos é impossível despertar os poderes ocultos da alma. Esforço-me por mostrar que, mesmo que tenha algum desses poderes, não deixo de ser um frágil mortal como qualquer outro, e não há nada de extraordinário em mim nem nunca houve. Sou um simples indivíduo passível de cometer erros como qualquer outro. Admito, porém, que sou suficientemente humilde para confessar os meus erros e refazer os meus passos. Tenho uma fé inabalável em Deus e na Sua bondade e uma paixão enorme pela verdade e pelo amor. Não é isso que qualquer pessoa tem, potencialmente, dentro em si? Se queremos progredir, não devemos repetir a história, devemos construir uma nova. Devemos ampliar a herança deixada pelos nossos antepassados. Para realizarmos novas descobertas e invenções no mundo dos fenómenos devemos decair no domínio espiritual? Será impossível multiplicar as excepções para transformá-las em regra? Deve o homem, invariavelmente, ser primeiro um animal e só depois um homem, se chegar a sê-lo?»
Autobiografia de um Iogue, Paramahansa Yogananda