31 de dezembro de 2008

CLIV - Desejos de Amor

O Amor não tem outro desejo senão o de existir e crescer.
Mas se tiverdes desejos deverão ser estes:

Ser um regato de água corrente
a cantar a sua melodia à noite;

conhecer a dor da excessiva ternura;
ser ferido pela própria inteligência do amor
e sangrar feliz;
acordar de manhã com o coração cheio
e agradecer outro dia de amor;
descansar ao meio-dia e meditar no êxtase
que vos dá o amor;
voltar a casa ao crepúsculo com gratidão e adormecer
tendo no coração uma prece pelo bem amado.

O Profeta, Khalil Gibran

26 de dezembro de 2008

CLIII - A Volição dos Desejos

Uma borboleta voava tranquilamente pelo mundo quando se deparou com uma casa toda iluminada. Aproximou-se e viu uma imensidão de luzes que brilhavam intensamente. Aquele brilho todo despertou-lhe o desejo de estar lá dentro, perto das lâmpadas, do seu calor, dentro daquela casa protegida da chuva, do frio e dos inimigos naturais. Voou à volta da casa até encontrar uma janela aberta e poder entrar. Tudo o que mais desejava estava, agora, ao alcance das suas asas. Casa, comida, protecção, tudo estava ali. “Então, porque ficar lá fora?”. Passado alguns dias, a borboleta num dos seus vôos pela casa aproximou-se da janela e viu o mundo do outro lado. Um sol brilhante, muitas flores, um campo infinito para os seus olhos. Todos aqueles estímulos despertaram-lhe o desejo de estar lá fora. “Então, porque ficar aqui dentro?”. Perguntou-se a si mesma. Procurou a janela aberta e saiu.

17 de dezembro de 2008

CLII - duas vezes

se olhares, olha duas vezes

10 de dezembro de 2008

CLI - O Verdadeiro Tesouro

Bodhidharma, nascido no Sri Lanka uns 500 anos depois de Jesus Cristo, foi o 3º filho do Rei. Aos 8 anos de idade já se podia afirmar que tinha atingido o satori. Eis aqui porquê:

Um dia, o seu mestre, um monge muito ilustre chamado Hannya Tara, recebeu do Rei uma pedra de valor inestimável. O mestre perguntou aos 3 príncipes: - Conheceis alguma coisa mais valiosa do que esta pedra em nosso mundo?


O príncipe mais velho respondeu: - Somente vós, mestre, recebeste esse presente; estais de posse do mais belo tesouro da terra.


O 2º príncipe respondeu igualmente: - Ainda que busquemos toda a nossa vida, não poderemos encontrar em nosso mundo uma pedra que se lhe compare.


Bodhidharma, que tinha então 8 anos, disse por sua vez: - É um tesouro inestimável, mas é um tesouro deste mundo, um tesouro vulgar. Penso que a sabedoria é mais valiosa que o tesouro, pois é ela que o valoriza e não o contrário. Compreender o valor deste tesouro é igualmente uma forma de sabedoria; não obstante, tal sabedoria carece de profundidade; pois, compreender que o diamante é uma pedra preciosíssima, de valor muito maior que um caco de vidro, é apenas sabedoria social.


E Bodhidharma rematou: - O verdadeiro tesouro consiste na sabedoria profunda de nos compreendermos a nós mesmos.


in: A Tigela e o Bastão – Taisen Deshimaru