XLVII - “TORNAR-SE PESSOA”
Torna-se Pessoa aquele que se encaminha para uma abertura amiga que o leva ao que em si se passa - aprendendo a ouvir-se sensivelmente. Desta forma, o individuo, passa a ser cada vez mais uma harmonia de sensações e de reacções complexas, em vez da clareza e da simplicidade da rigidez, ou seja, caminha para a aceitação da sua “essência”, aceitando os outros de um modo mais atento e compreensivo. Confia e aprecia o complexo processo interior de si mesmo, quando ele emerge e encontra expressão. Ele é criadoramente realista e realísticamente criador. Descobre que ser este processo em si mesmo é elevar ao máximo a capacidade de transformação e de crescimento. Está permanentemente comprometido na descoberta de que ser plenamente ele mesmo, em todo a sua fluidez, não é sinónimo de ser mau ou descontrolado. Pelo contrário, é sentir com um crescente orgulho que é um membro sensível, aberto, realista, autónomo, da espécie humana, adaptando-se com coragem e imaginação à complexidade das situações em mudança. Quer isto dizer que caminha continuamente para ser, na consciência e na expressão, aquilo que é conforme com o conjunto das reacções “organísmicas”. Para utilizarmos as palavras de Kierkegaard, esteticamente mais adequadas, isto significa que “SER O QUE REALMENTE SE É” é uma forma de vida sempre a prosseguir.
Carl Rogers
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