28 de setembro de 2006

XXIX - As Duas “Omni-Opções”

O João era o tipo de homem que qualquer pessoa gostaria de conhecer:Estava sempre de bom humor e tinha sempre qualquer coisa de positivo para dizer. Se alguém lhe perguntasse como ele estava, a resposta seria logo:

-Óptimo... !Era um gerente especial, os empregados seguiam-no só por causa da sua atitude. Era um motivador nato: se um colaborador tinha um dia mau, o João dizia-lhe sempre para ver o lado positivo da situação.

Fiquei tão curioso com o seu estilo de vida que um dia lhe perguntei:

-João, como podes ser uma pessoa tão positiva o tempo todo? Como é que consegues isso?

Respondeu-me: -Cada manhã, ao acordar, digo para mim mesmo: - João, hoje tens duas opções, podes ficar de bom humor ou de mau humor, e escolho ficar de bom humor. Cada vez que algo de mau acontece, posso escolher fazer-me de vítima ou aprender alguma coisa com o ocorrido : escolho aprender algo. Sempre que alguém reclama, posso escolher aceitar a reclamação ou mostrar o lado positivo da vida.

-Certo, mas não é fácil - argumentei.

-É fácil, disse-me o João. A vida é feita de escolhas. Quando examinas as coisas a fundo, há sempre uma escolha. E cabe-te escolher como reagir às situações: escolhes como as pessoas afectarão o teu humor.

É tua a escolha de como viver a tua vida.

Nunca mais me esqueci do que o João me disse, e lembrava-me sempre dele quando fazia uma escolha.

Anos mais tarde soube que o João cometera um erro, deixando pela manhã a porta de serviço aberta, e foi surpreendido por assaltantes. Dominado, enquanto tentava abrir o cofre, a mão, tremendo com o nervosismo, desfez a combinação do segredo. Os ladrões entraram em pânico, dispararam e atingiram-no. Por sorte, foi encontrado a tempo de ser socorrido e levado para um hospital. Depois de 18 horas de cirurgia e semanas de tratamento intensivo, teve alta, ainda com fragmentos de balas alojadas no corpo. Encontrei-o, mais ou menos por acaso, passados uns dias, e quando lhe perguntei como estava, logo me respondeu com o seu habitual ar bem disposto:

-Óptimo!

Contou-me o que havia acontecido, e perguntou se eu queria ver as suas cicatrizes. Eu recusei-me a ver seus ferimentos, mas perguntei-lhe o que lhe havia passado pela mente na ocasião do assalto.

-A primeira coisa que pensei foi que devia ter trancado a porta das traseiras, respondeu. Então, deitado no chão, ensanguentado, lembrei-me que tinha duas escolhas: poderia viver ou morrer. Escolhi viver!

-Não tiveste medo? - perguntei.-Olha, os paramédicos foram óptimos, diziam-me que tudo ia dar certo e que eu ia ficar bom. Mas quando cheguei à sala de emergência e vi a expressão dos médicos e enfermeiras, fiquei apavorado: nas expressões deles eu lia claramente: Esse aí já era...

Decidi então que tinha que fazer algo. -E o que fizeste? - perguntei. -Bem, havia uma enfermeira que fazia muitas perguntas. Perguntou-me se eu era alérgico a alguma coisa. Eu respondi: Sim. Todos pararam para ouvir a minha resposta.

Tomei fôlego e gritei: Sou alérgico a balas! Entre a risota geral, disse-lhes: Eu escolho viver, operem-me como um ser vivo, não como um morto!

O João sobreviveu graças à persistência dos médicos, mas, também graças à sua atitude.

Aprendi que todos os dias temos a opção de viver plenamente e tomar decisões, pois serão atitudes que trarão benefícios agora e para a eternidade. Afinal de contas, a ATITUDE É TUDO...

Lembra-te, tens sempre duas opções: a escolha é tua!

P.S: Gaspeople, companheiros de Timor, nunca me esquecerei da profundidade deste texto. Texto, tantas vezes referido e vivido pelo grupo, em terras do Oriente: “– King não te esqueças, tens sempre duas opções: a escolha é tua”. Mimos que fazem crescer, que se entranham, que de tão simples nos fazem optar com mais certeza. Muito Obrigado.Muito.