24 de outubro de 2006

LXXXVI - O Peter

Em Brooklyn, New York, Chush é uma escola que se dedica ao ensino de crianças especiais. Algumas crianças permanecem ali por toda a vida escolar, enquanto outras podem ser encaminhadas para escolas comuns.

Num jantar de beneficência da Chush, o pai de uma criança fez um discurso que nunca mais foi esquecido pelos que ali estavam presentes.

Depois de elogiar a escola e seu dedicado pessoal, perguntou:

“Onde está a perfeição no meu filho Peter, se tudo o que DEUS faz é feito com perfeição?

O meu filho não pode entender as coisas como as outras crianças entendem. O meu filho não pode lembrar-se de factos e números como as outras crianças. Então, onde está a perfeição de Deus?

Todos ficaram chocados com a pergunta e com o sofrimento daquele pai, e ele continuou:

"Acredito que quando Deus traz uma criança especial ao mundo, a perfeição que Ele busca está no modo como as pessoas reagem diante dessa criança.”

Então, contou a seguinte história sobre o seu filho Peter:
Numa tarde, o Peter e eu caminhávamos pelo parque onde alguns meninos que o conheciam, estavam a jogar beisebol. Peter perguntou-me:
- Pai, achas que eles me deixam jogar?
Eu sabia das limitações do meu filho e que a maioria dos meninos não o queria nas suas equipa. Mas entendi que se o Peter pudesse jogar com eles, isto lhe daria uma confortável sensação de participação e, portanto, de realização e bem-estar. Aproximei- me de um dos meninos no campo e perguntei-lhe se o Peter podia jogar. O menino olhou em seu redor, em busca da aprovação dos seus companheiros de equipa e mesmo não conseguindo nenhuma aprovação, assumiu a responsabilidade e disse:
- Nós estamos a perder por seis rodadas e o jogo está na oitava.
- Acho que ele pode entrar na nossa equipa e tentaremos colocá-lo para bater até à nona rodada.

Fiquei admirado quando o Peter abriu um grande sorriso ao ouvir a resposta do menino. Pediram então que ele calçasse a luva e fosse para o campo jogar. No final da oitava rodada, a equipa do Peter marcou alguns pontos, mas ainda estava a perder por três.
No final da nona rodada, a equipa do Peter marcou novamente e agora com dois fora e as bases com potencial para a rodada decisiva, Peter foi escalado para continuar. Uma questão, porém, veio à minha mente: a equipa deixaria Peter, de facto, rebater nesta circunstância e deitar fora a possibilidade de ganhar o jogo?

Surpreendentemente, foi lhe dado o bastão. Todos sabiam que isto seria quase impossível, porque ele nem sabia segurar o bastão. Porém, quando o Peter tomou posição, o lançador moveu-se alguns passos para arremessar a bola de maneira a que o Peter pudesse ao menos rebater. Foi feito o primeiro arremesso e o Peter balançou desajeitadamente e perdeu. Um dos companheiros da equipa foi até junto dele e juntos seguraram o bastão e encararam o lançador. O lançador deu novamente alguns passos para lançar a bola suavemente. Quando veio o lance, Peter e o seu companheiro da equipa balançaram o bastão e juntos rebateram a lenta bola do lançador. O lançador apanhou a suave bola e poderia tê-la lançado facilmente ao primeiro homem da base, o Peter estaria fora e assim teria terminado o jogo. Ao invés disso, o lançador pegou na bola e lançou-a em forma de curva, longa e alta para o campo, distante do alcance do primeiro homem da base. Então todos os miúdos começaram a gritar:
- Peter, corre para a primeira base. Corre para a primeira.
Nunca na sua vida ele tinha corrido... Mas saiu disparado para a linha de base, com os olhos arregalados e assustados. Até que ele alcançasse a primeira base, o jogador da direita teve a posse da bola. Poderia ter lançado a bola ao segundo homem da base, o que o colocaria fora de jogo, pois ele ainda estava a correr. Mas o jogador entendeu quais eram as intenções do lançador, assim, lançou a bola alta e distante, acima da cabeça do terceiro homem da base. Todos gritavam: “Corre para a segunda, corre para a segunda base”. O Peter correu para a segunda base, enquanto os jogadores à frente dele circulavam deliberadamente para a base principal. Quando Peter alcançou a segunda base, a curta parada adversária colocou-o na direcção da terceira base e todos gritaram: “Corre para a terceira”. Quando contornou a terceira base, os meninos de ambas as equipas correram atrás dele a gritar: “Peter, corre para a base principal”. O Peter correu para a base principal, pisou nela e todos os 18 meninos o ergueram nos ombros fazendo dele o herói, como se ele tivesse vencido o campeonato."

"Naquele dia," disse o pai, com lágrimas caindo sobre face, "aqueles 18 meninos alcançaram a Perfeição de Deus. Eu nunca tinha visto um sorriso tão lindo no rosto do meu filho !"

P.S: É preocupante que coisas grotescas, vulgares e obscenas cruzem livremente o ciberespaço e, que mensagens destas não sejam mais frequentes! Parece que temos medo do que os outros possam pensar de nós. Estamos mais preocupados sobre o que as outras pessoas pensam de nós, do que com o que Deus espera de nós. Contudo, é certo que, se quisermos podemos transformar as nossas vidas, e fazer sempre o melhor para todos os outros.

Obrigado, Ana Raquel, pelo texto.