11 de outubro de 2006

LVI - Um Amigo

Um amigo é uma pedra. Que serve para segurar. Tecto. Que serve para atirar. Chão. Que serve para brincar. Um amigo é uma pedra grande que empurramos e não se mexe. Nunca muda de natureza. Nunca muda de lugar. Nunca se vai embora. Fogueira. Um amigo é uma pedra quente que pomos no coração. A arder. Um amigo é um doido que nos acalma, um doente que não queremos curar. É um partilhador de mentiras, um fazedor de planos, um contador de segredos. É um prato que se parte sem ser preciso pagar. Não há cara mais bonita e mais precisa do que aquela que se conhece. Não há palavra parecida com o nome dele. Não há um momento do mundo em que não apeteça vê-lo. Nem que seja só para vê-lo. Não há uma multidão suficientemente grande para escondê-lo. Nem desconhecidos, nem surpresas, nem sonhos. Um amigo é uma paciência, uma indiferença ao que temos de pior. É uma tolerância absurda, que sabe bem receber. É uma falha total de juízo. Um amigo é quem está sempre do nosso lado, sobretudo quando não temos razão, que é quando mais precisamos. Um amigo é um incondicional, um irreflectido, um intransigente. Um amigo é um eu melhor. Um amigo é um eu em infinito.


Miguel Esteves Cardoso

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

TU

Está no sofá do meu coração!

segunda-feira, novembro 06, 2006 1:59:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Obrigada Artur!!!!

Gostava de ter o dom de escrever, para poder descrever-te o q senti ao ler esta quinta essencia!!!
Só consigo agradecer-te pelo lindo ser humano que és e lamentar não estarmos mais vezes juntos.
Levo-te sempre no coração!
Beijos grandes desta amiga que te adora
JM

quinta-feira, maio 24, 2007 6:43:00 da tarde  

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