10 de outubro de 2006

LV - De Mão em Mão



Estou a escrever de repente. Desculpem a confusão nas ideias. Que engraçado!

É muito importante saber desaprender.

Vou tentar explicar: Há uns tempos atrás senti necessidade de fazer algum tipo de voluntariado. Senti necessidade de “ajudar os outros” e desta forma prestar o meu contributo para uma “humanidade mais humana”. Em boa hora comecei então a “ajudar os outros” e foi assim que comecei a desaprender imenso!

Treinei-me na disponibilidade que precisava ter para poder “ajudar”. Com bons resultados é certo, mas “ajudar” tem sido uma palavra que me tem feito pensar. Pois o engraçado da questão é que me apercebi que por mais que “ajude os outros” parece que sou sempre eu que sou ajudado pelos outros!

Vou para Timor e são aqueles nobres miseráveis que me dão uma lição! Trabalho com pessoas portadoras de deficiência e são elas que me ensinam a desaprender!

Apercebi-me que se é necessário ter disponibilidade para ajudar os outros (sempre pensei que esta era a génese do voluntário) , também é necessário ter disponibilidade para se ser ajudado. Não é só ajudar é também e sobretudo ser ajudado!

Agora tento estar disponível à ajuda. E não é que ela me acontece constantemente! Reparo com mais atenção nos gestos daqueles que me rodeiam e de como me ajudam a conhecer-me melhor; reparo com mais atenção nos meus gestos e naquilo que eles estão a dizer, a mim e aos outros. Mesmo as situações mais banais nos ajudam tanto!

Todos precisamos de ajuda. De uma ou de outra forma todos nós queremos evoluir e crescer e sabemos que sozinhos não vamos lá chegar! Precisamos uns dos outros! Essa é que é essa!

“Ajudar” é o mais fácil lado da questão, agora ter a coragem de nos apresentarmos à realidade como aquele que também precisa de ajuda é sempre mais complicado.

É a este processo que chamo “desaprender”. Ninguém ajuda ninguém se não estiver disponível, ao mesmo tempo, para ser ajudado. Não é o outro que tem que estar disponível para aceitar ser ajudado, somos nós! Tenho a minha cabeça a latejar com esta ideia! Somos nós!

Quando penso em “ajuda” não estou a pensar em ajudas terapêuticas- que são muito importantes, obviamente!- estou a pensar na “ajuda” como se fosse um “sentido” que deveríamos desenvolver: saber ouvir, saber ver, saber sentir, sem se estar tão certo daquilo que já ouvimos, vimos e sentimos. No fundo é estar receptivo ao que a vida nos quer dizer. E a vida tem tantas coisas “novas” para nos dizer! Tantas maneiras diferentes de comunicar connosco!

Tudo o que estou para aqui a dizer parece tão banal e ao mesmo tempo sinto que somos tão poucos a estar realmente conscientes de tal comunicação! Espero ter coragem para não ser arrogante a ponto de dizer “eu já sei”. E prometo que vou tentar!

Que engraçado! Reparo agora que muitos dos teus gestos, palavras, silêncios e atitudes a que eu assisti me ajudaram tanto! Já me deste tantas lições! E quantas vezes as arrumei para canto com o meu famoso “é a tua opinião”! Que arrogância esta de me julgar tão sabedor a ponto de só filtrar aquilo que concorda comigo! Que pobreza!


Quantas vezes já “ajudei os outros” com palavras e atitudes tuas! Quantas vezes já “ajudei os outros” com as tuas mãos, através das minhas! Não só com as minhas mãos mas também com as tuas! Grandes Lições!


A “Ajuda” é um processo dinâmico.

O importante, o essencial, é não desligar ou cortar a corrente de solidariedade e de fraternidade que nos percorre e acolhe a todos! De mão em mão!

Estou muito grato pela tua ajuda, pela ajuda que constantemente recebo.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Artur....
mais uma vez obrigado por partilhares esse teu momento ....
olho com os mesmos olhos para tudo o que sentiste...e transmitiste (ou pelo menos vou tentando sempre ao longo de todos estes anos)
adorei o que escreveste... tanto.... que não sou capaz de o transmitir por palavras aquilo q senti (por vezes transmitir aquilo que nos vai na alma para o papel é complicado,pq a velocidade dos pensamentos é enorme comparada com o ritmo da caneta)...
por isso fica aqui um "obrigado" sincero !

beijo grande...
da pequenita....p

quinta-feira, maio 24, 2007 6:32:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Aqui, provado fica, que, quando um homem atinge o alto dos seus trinta anos, se torna mais maduro, mais sensível e acima de tudo... menos "arrogante" no sentido de que está mais aberto a aprender com tudo e com todos.

Parabéns pelos teus trinta anos, pela maturidade do texto e mais ainda pela delicadeza e humildade com que partilhaste o extraordinário texto que escreveste.

A ti também o meu muito obrigado pelas partilhas que me levaram a evoluir no conhecimento da humanidade.

Juntos, mão na mão, cresceremos neste processo interno a que externamente, alguns chamam vida...

quinta-feira, maio 24, 2007 6:33:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Grato estou eu, por ter tamanha honra de te conhecer, e de me achar a ver, o que alguns não vêem, não por não quererem, mas sim porque não se aperceberam ainda que mesmo ali diante de seu maravilhoso estado de ser, esta todo, está a comunicação que nunca acharam ou pensaram existir,e é tão simples, é tão engraçado perceber, que como tolos procuramos muitas vezes coisas, que por obra e graça se encontram em nós, ou tão intimamente ligadas a nós.

A ajuda que prestas hoje, é de suma importância, não mais importante, que um "olá", ou que um "até logo", pois a apresentação que fazes de um novo meio de comunicação, é linda e de soberba utilidade para todos, pois quem com bom senso se abriu a tua ajuda ganhou eons de vida, por, por e simplesmente reconhecerem e permitirem.

minhas lágrimas que seguro, são de alegria são de satisfação, por olhar e ver ao longe e tão perto então, tamanho amor nos envolve, e por Ele que somos, como sem nunca sabermos fomos, é seguro, é porto de abrigo de amor, recolhimento e compreensão, donde se expande nosso ser até a este corpo onde todos "agora" tomamos consciência de Sermos Unos irmãos.

Manifestemos o Grande Eu que existe em todos nós, quem compõe cada partícula de tudo que vemos, e com as tuas palavras, "deixamos de estar tão certos", para estarmos por e simplesmente certos de que somos, somos, este somos é simplista resumindo o eu que em tudo habita, e tudo toma forma, este eu que de pequeno se faz dentro de nos, e na realidade tudo comanda, sendo a mais bela e maravilhosa visão que tive de mim, como parte de uma vontade e energia a quem me entrego, e tudo Ama , essa energia a que chamo Amor Sem Fim,a que chamo Deus, e que nos eleva, como tu dizes, "aprendemos a desaprender", a deixar nossas certezas, para por momento eterno ficarmos com nossa dádiva de Observador Eterno, sem vozes ou sons, sem nada, entregues a simples profundidade consciente que há em nós.
Ai temos a oportunidade de renascer, sempre com um senso do silêncio, por dádiva de um grande Ser, é por e simplesmente Sermos, estarmos Presentes.
Eis a Celebração da Unidade, que é Sol Eterno de Luz que nos abarca, e concede tamanha experiência de seres individualizados, que nunca fomos, não desaproveitemos esta gloriosa experiência e celebremos a verdade que há em nós.

E daremos o inicio de uma nova realização, que de meu coração espero, se expande e abra os seres que entre nos e nos entre eles estão e habitam, para Tudo que São, Amor Infinito, Gloria e Celebração, do interior para o exterior partem partículas que nos vinculam, e nos compõem a todo instante, nos olhos de teu irmão, no coração de teu cão, és Tu Meu Pai que és tudo, és eu, és ele, és glorificação, e o Amor e o Cosmos em transformação, é nossa dádiva em consciência, e em liberação, e Vivos e soltos, tomados por está nova compreensão, não temos mais, do que nos amar e prosseguir amando-nos "desaprendendo" e ajudando quem quer ser ajudado.

Amo-te

Eu Sou quem eu sou
B

quinta-feira, maio 24, 2007 6:39:00 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home