8 de junho de 2006

XVII - Do Amor

Todos nós elegemos o Amor como um dos ingredientes mais importantes para a realização de uma vida plena. Mas, se assim é, porquê que é tão difícil encontrar relações amorosas maduras, saudáveis e plenamente compensadoras?

Porque o Homem, ao viver obcecado com o Futuro*, cria uma opressão e uma limitação constante das motivações da vida. O Homem que assim vive, vive com medo e com pressa e, com medo e com pressa não há espaço para que se permita o desabrochar dos mais profundos sentimentos.

Como é possível o Amor?

Através da libertação da mente. Através de uma vivência que se deixe de querer saltar a cerca do Agora, que se deixe de “futuros” e viva no “aqui e agora”. É necessário eliminar os obstáculos que se interpõem entre o ser e a vida. Numa palavra, através da conquista da disponibilidade. Um homem sempre com pressa não pode ter disponibilidade para o amor.


Por isso nos dias de hoje se confunde tanto o AMOR com o SEXO. O homem que vive obcecado com o Futuro (com aquilo que não é) acha que a vida dolorosa. E uma das fugas desta vida dolorosa é o sexo isolado e sem sentimento, já que a violência agradável das sensações orgíacas, supera, por momentos, e através de um estado semiconsciente e de esquecimento, as tensões dolorosas de existência. Claro que, no fundo, se trata daquele fenómeno do “paraíso perdido”. No fundo o Homem quer produzir e receber amor porque essa é uma necessidade vital para a sua realização como pessoa. Mas porque não pode, nem sabe, ele procura nos contactos provisórios da vida -ao nível dos sentidos - uma forma de ilusão que pareça realidade.

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* O Homem sofre pelos “seus ideais” e vive constantemente a situação de conflito entre o que é e o que julga que deveria ser. O descontentamento do actual cria a alternativa do futuro para onde transferimos todos os desejos de uma realização indefinida, inevitavelmente suposta melhor.É assim que o Homem se apresenta ao Presente: sem o viver e, sempre com a cabeça no Futuro.

Júlio Roberto