6 de junho de 2006

I - O que for, quando for, é que será o que é.

Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que passo adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salto por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega-
Nem um centímetro mais longe.
Toco onde toco, não aonde penso.
Ninguém anda mais depressa do que as pernas que tem.
Se onde quero estar é longe, não estou lá num momento.

Alberto Caeiro